Principais queixas dos pacientes são tosse, dor de garganta, fadiga, congestão nasal, coceira e ardência no nariz, olhos ou garganta, e falta de ar. Especialista ouvido pelo g1 orientou sobre cuidados para diminuir exposição à fumaça tóxica. UBS do Aparecidinha é revitalizada e passa a atender também como PA 24 horas em Sorocaba
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
A fumaça das queimadas que tomou conta do céu em diversas cidades do Brasil alerta não só os ambientalistas, mas também os profissionais da saúde. Em Sorocaba e Jundiaí (SP), o número de pessoas que procuraram atendimento com sintomas respiratórios aumentou nos meses de julho, agosto e nos primeiros dias de setembro.
📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp
De acordo com a Defesa Civil do estado de São Paulo, nesta sexta-feira (13), boa parte do estado de São Paulo está em situação de emergência para o risco de incêndio.
Alerta da Defesa Civil para risco de incêndio nesta sexta-feira (13) em todo o estado de SP
Defesa Civil Estadual/Divulgação
Sorocaba
Em Sorocaba, somente nos primeiros oito dias de setembro, 2.527 pacientes procuraram as unidades de saúde municipais se queixando de algum sintoma respiratório. Aumento de 73% em relação ao mesmo período de 2023, quando 1.457 pessoas foram às unidades por problema respiratório.
Entre julho e agosto, quase 16 mil pacientes passaram pelas unidades de saúde de Sorocaba, relatando algum sintoma respiratório, 50% a mais do que o mesmo período do ano passado.
De acordo com a prefeitura, quem notar sintomas respiratórios, pode procurar atendimento emergencial na Unidade de Pronto Atendimento Éden, nas Unidades Pré-Hospitalares Leste, Oeste e Norte, nos Pronto Atendimentos Laranjeiras, Aparecidinha, Brigadeiro Tobias, Carandá, Habiteto, São Bento, São Guilherme e Sorocaba 1.
Moradora registra 'antes e depois' de paisagem em Sorocaba (SP) após queimadas que atingem o estado de São Paulo
Initial plugin text
Jundiaí
O aumento expressivo nas unidades de saúde também foi constatado em Jundiaí. Foram 21.843 atendimentos por doenças respiratórias nos meses de julho e agosto deste ano, ante 17.103 atendimentos nos mesmos meses do ano passado, aumento de 27,7%.
Nos primeiros nove dias de setembro deste ano, 2.810 pacientes foram atendidos, enquanto 1.764 no mesmo período do ano passado, aumento de 59%.
Tosse, falta de ar, ardência...
Conforme a prefeitura, quem tem procurado as unidades de saúde se queixa, principalmente, de tosse, dor de garganta, fadiga, congestão nasal, coceira e ardência no nariz, olhos ou garganta, e falta de ar.
Em Jundiaí, o atendimento às pessoas com sintomas gripais e respiratórios é feito nos Pronto Atendimentos (PAs) e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Vetor Oeste. Já nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Clínicas da Família é feito somente o acolhimento.
Vinte e quatro dos vinte e seis estados e o distrito federal têm focos de incêndio
Fumaça tóxica
Material particulado fino (PM2.5), monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio são alguns dos compostos encontrados na fumaça tóxica das queimadas.
Todos esses componentes são altamente prejudiciais à nossa saúde, e podem agravar doenças respiratórias, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
Mapa mostra evolução da área de vegetação queimada de janeiro a agosto de 2024
Inpe/Arte g1
Conforme o médico e coordenador de Urgência e Emergência da rede municipal de Sorocaba Alessandro Di Lorenzo, a baixa umidade do ar e a fumaça das queimadas causam graves problemas de saúde.
"Essa umidade do ar abaixo de de 20% nos iguala à umidade do deserto, então é uma situação realmente bem pontual. A baixa umidade provoca um certo desconforto para a população em geral. Faz a gente sentir o ressecamento de mucosas, da boca, das vias aéreas, do nariz, dos olhos", explica o médico.
A situação fica mais grave para pessoas que já possuem algum problema respiratório, como asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica, fumantes: "A fumaça e a fuligem podem provocar doenças respiratórias graves, comprometendo, principalmente, quem sofre de asma e de bronquite."
De acordo com Di Lorenzo, a melhor medida é se manter hidratado. "A pessoa naturalmente perde mais líquido, acaba ficando desidratada e isso vai piorar a sensação de ressecamento das mucosas."
Além disso, o médico reforça que em tempos de seca, baixa umidade do ar e fumaça, as pessoas devem evitar exposição direta ao sol.
Kalel Bueno, de 25 anos, foi uma das vítimas do tempo seco. O jovem contou ao g1 que os sintomas gripais que está tendo são muito mais fortes do que os sintomas de gripes anteriores.
“Intensificou o mal estar, a dificuldade para respirar. E a dor de cabeça constante, mesmo eu bebendo bastante água”, comentou.
Segundo Kalel, ao passar por atendimento médico, ele recebeu o diagnóstico de infecção das vias respiratórias: "Devido ao ar poluído, eu peguei alguma infecção. Ainda estou com bastante tosse e com o nariz congestionado."
Entenda os componentes que são encontrados na fumaça tóxica produzida pelas queimadas:
Material particulado (PM2.5): partículas muito pequenas presentes no ar poluído, como o causado pela fumaça das queimadas.
Monóxido de carbono (CO): gás liberado principalmente pela queima incompleta de materiais como madeira, carvão e combustíveis.
Compostos Orgânicos Voláteis (COVs): durante uma queimada, os COVs são liberados no ar e podem aumentar o risco de problemas respiratórios e outros problemas de saúde.
Óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio: conhecidos poluentes atmosféricos. Os óxidos de nitrogênio (NOx) vêm de várias fontes, como vulcões, raios, queimadas, bactérias, além de carros e combustíveis. Já o ozônio se forma quando certos gases, como os de veículos e indústrias, reagem com a luz do sol. Mas queimadas também o liberam.
Metais pesados: elementos químicos densos que podem ser tóxicos, mesmo em pequenas quantidades. A fumaça pode conter metais pesados como chumbo e mercúrio, que são prejudiciais quando inalados
Céu da cidade de São Paulo nesta segunda-feira (9)
Reprodução/TV Globo
Recomendações do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde divulgou orientações para evitar a exposição à fumaça intensa causada por queimadas.
Na publicação, a pasta recomenda as seguintes orientações para a população:
🚰 Aumentar a ingestão de água e líquidos ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas e, assim, mais protegidas.
🏠 Reduzir ao máximo o tempo de exposição, recomendando-se que se permaneça dentro de casa, em local ventilado, com ar-condicionado ou purificadores de ar.
🚪 As portas e as janelas devem permanecer fechadas durante os horários com elevadas concentrações de partículas, para reduzir a penetração da poluição externa.
Ministério da Saúde orienta população a beber água para manter as membranas respiratórias úmidas e, assim, mais protegidas
Fernanda Sunega/PMC
🏋️ Evitar atividades físicas em horários de elevadas concentrações de poluentes do ar, e entre 12 e 16 horas, quando as concentrações de ozônio são mais elevadas.
😷 Uso de máscaras do tipo “cirúrgica”, pano, lenços ou bandanas pode reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas) e, portanto, melhoram o desconforto das vias aéreas superiores. Enquanto o uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população.
🧒 Crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes devem redobrar a atenção para as recomendações descritas acima para a população em geral. Além disso, devem estar atentos a sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde e buscar atendimento médico o mais rapidamente possível, caso necessitem.
"Para se proteger da fumaça de queimadas e incêndios, deve-se evitar a exposição ao ambiente externo, incluindo atividade física. Recomenda-se utilizar máscara padrão N95, sobretudo nos locais mais próximos à fumaça", pontua Pedro Genta, pneumologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Uso de máscaras do tipo “cirúrgica”, pano, lenços ou bandanas pode reduzir a exposição às partículas grossas
Daiane Mendonça/Governo de Rondônia
Fora isso, pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, também devem, ainda segundo o Ministério da Saúde:
🏥 Buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento.
💊 Manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas.
🚑 Buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises.
⚠️ Avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas.
Fazer inalação com soro fisiológico ajuda em períodos de tempo seco
Freepik
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM