
Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ao chegar à Câmara dos Deputados.
Reprodução/ TV Globo
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (16) que colocou as forças de segurança federais à disposição do governo de São Paulo para colaborar na investigação do assassinato do ex-delegado-geral paulista Ruy Ferraz Fontes.
Lewandowski também disse que telefonou para o governador do estado, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), e prestou solidariedade. Para o ministro, o crime foi "brutal".
Ruy Ferraz Fontes foi morto a tiros na segunda (15), em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo a Polícia Militar paulista, homens interceptaram o veículo e atiraram contra Fontes.
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Delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022, Ruy Fontes teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O ministro da Justiça avaliou, em entrevista à imprensa, que a execução de Ruy Fontes demonstra o "nível de violência, que, infelizmente, graça aqui no Brasil".
"O assassinato do ex-delegado-geral Ruy Fontes em SP muito nos preocupa, realmente, porque foi um assassinato brutal e isso mostra o nível de violência, que, infelizmente, graça aqui no Brasil e também em outros países. Não é uma exclusividade nossa do Brasil", declarou.
Ricardo Lewandowski lembrou que a investigação do caso é de competência das forças de segurança paulistas, mas afirmou que o governo federal estará à disposição para colaborar, se houver pedido do governo de São Paulo.
"Nós já tomamos as providências cabíveis ao nosso nível. Claro que a responsabilidade da apuração é do governo de São Paulo. Eu, hoje, liguei para o governador de SP prestando a minha solidariedade pessoal — não só ao policial morto e à família, mas a todas as forças de segurança do estado de SP", disse.
"Nós nos colocamos à disposição do estado, sobretudo no que diz respeito à polícia científica. Temos um banco de dados no que diz respeito à balística, DNA, informações, tudo isso nós colocamos à disposição, se necessário, do governo de SP", completou Lewandowski.
Proliferação de armas
Ao mencionar a gravidade do caso, Lewandowski também atribuiu o episódio à proliferação das armas, principalmente as de uso restrito.
O ministro reforçou que a disseminação de armamentos de todo calibre, inclusive de calibre militar, é responsável pelos assassinatos brutais que a sociedade presencia.
"No passado recente houve uma política de disseminação dessas armas sem controle. O atual governo está tentando agora, neste momento, fazer um controle dessas armas, sobretudo com relação aos CACs"[Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores] , ponderou.
"Então, essas armas estão muitas vezes em mãos de pessoas honestas, de boa fé, que são atiradores, são caçadores, são colecionadores, mas muitas vezes e na maior parte das vezes essas armas caem nas mãos dos do crime organizado", prosseguiu.
Governo de SP anuncia força-tarefa
Em manifestação nas redes sociais, Tarcísio de Freitas afirmou nesta terça que o governo paulista trabalha para que os criminosos "sejam exemplarmente punidos pela Justiça, com todo o rigor da lei".
Ainda na segunda, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, adiantou que o governo paulista criará uma força-tarefa para investigar o assassinato.
"O momento é de luto, mas também de muito trabalho para identificar, o mais rápido possível, os criminosos que participaram dessa ação covarde", escreveu Derrite.
A jornalistas, Ricardo Lewandowski afirmou que o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, conversaram com Derrite.
"Sempre se colocando à disposição como coadjuvantes nesse processo de investigação. As investigações estão em aberto, não temos nada de concreto ainda, mas certamente as investigações serão bem-conduzidas pela polícia de SP, com apoio, se necessário, do governo federal, das forças federais, se formos convocados para tal", pontuou.
A declaração do ministro foi dada à imprensa enquanto ele chagava à Câmara, onde participa, nesta manhã, de audiência pública na Comissão de Segurança.